domingo, 26 de agosto de 2007

vício secular.


Açúcar, sal, derivados, processados, refinados e sintéticos em geral. Serão necessários ou apenas requintes evolutivos dispensáveis?
Sou completamente a favor dos integrais, orgânicos (e até transgênicos sim!), não-processados, mas, juro tentar não deixar meu posicionamento “natureba” comprometer a imparcialidade desse texto...
A ciência como um todo evoluiu de maneira absurda nos últimos 100 anos, particularmente o poder de extração e sintetização de elementos presentes na natureza. A extração do açúcar (sei que data de muito mais que 100 anos) seja ela da cana, beterraba, talvez seja considerado o precursor longínquo de toda essa busca desenfreada pela substância isolada. Lendo uma reportagem sobre o açúcar me veio essa questão, que já há muito me intrigava. O açúcar é uma droga! Literalmente! Pense bem, se você faz um café, tecnicamente pensando, trata-se de um processo de extração dos óleos essenciais da semente do café através de um processo de fervura e filtragem, e um desses óleos contem cafeína. Resultado, se ingerisse 200 sementes de café talvez não conseguisse espantar aquele sono chato, porém, terminando de degustar uma xícara do seu café predileto, normalmente, você fica mais atento. Agora, compre cafeína isolada em qualquer farmácia de manipulação e ingira 200 mg. Resultado: é bem provável, dependendo da sua sensibilidade à substância, que se iniciem rapidamente sintomas como taquicardia, pressão arterial alterada, elevação dos níveis de cortisol. Dá pra imaginar o mesmo com as folhas de coca. Inocente a ingestão de um chá preparado com algumas folhas da planta, e não dá pra falar o mesmo quando o princípio ativo é consumido na forma isolada! Para o açúcar porque seria diferente? Imagine quantos quilos de cana-de-açúcar você teria que consumir para obter o equivalente ao que você coloca no seu café diariamente, seria até hilário: “Bom dia! Me veja um cafezinho e 2 quilos de cana de açúcar, sem casca por favor!”
A introdução do açúcar na alimentação é tão antiga, que muitas vezes não paramos pra pensar. Tornou-se um hábito, muitas vezes não sabemos o gosto real dos alimentos, das frutas. O paladar já estranha um suco não-adoçado, logo surge a sensação de estar faltando algo. Estranho?! Não! Trata-se de um vício secular, uma recompensa alimentar iniciada na infância (Lembra da sua avó? Então, qual era o mesmo o presentinho que você ganhava quando ela queria te agradar?). Comece a refletir sobre isso, como isso pode estar diretamente ligado aos problemas, ditos, modernos. Só pra semear o debate: Porque a incidência de mutações celulares (leia-se câncer) é tão reduzida em animais silvestres, ou povos que tem pouco ou nenhum contato com a civilização e consequentemente com essas substâncias isoladas e sintetizadas?


lucaz


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"Sem Açúcar Com Afeto" Sônia Hirsch. Editora Rocco, 1984.

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